Muito se fala de self-love...
e ainda bem. Se há coisa que aprendi com a idade foi esse tal self-love, ou melhor, amor próprio. Mas nem sempre assim foi. Passei grande parte da minha vida a olhar apenas para os defeitos. Gorda, nariz grande, cabelo emaranhado...foi a isto que me resumi durante grande parte da minha existência. A confiança que sempre tive em mim própria relativamente à minha performance como estudante, sempre me faltou no que diz respeito ao meu corpo. Nunca me gostei, aliás houve alturas em que coloquei todas as culpas das minhas "infelicidades" num corpo que não se assemelhava ao que desejava ter. Muitas dietas acompanharam este estado de espírito, e se perdia 5 kg rapidamente ganhava 7 ou 8.
Durante a adolescência sempre me senti feia. Chega a ser duro reconhecer isso, mas a verdade é que nunca fui feliz comigo própria até ter ido para a faculdade, ter mudado de ares e ter conhecido outras pessoas que , se não me fizeram sentir bonita, me desviaram a atenção para coisas muito mais interessantes. Nunca ninguém me ensinou o quão importante é gostar de nós, a conviver de forma positiva e desde sempre com o que está longe de ser perfeito. Na minha infância nunca ninguém me disse que era bonita ou para não me importar com comentários menos positivos. Essas lições tão importantes aprendi comigo mesma, lidando sozinha com maus momentos e percebendo que a opinião alheia pouco importa para a nossa felicidade. Até porque, sejamos sinceros, ainda há pessoas que têm um gostinho especial em ver os outros infelizes. Comentários como "estás mais gordita, não estás?" não são ditos sem intenção. A forma como lidamos com eles depende do nosso estado no momento. Se estamos mais frágeis, a coisa pode despoletar sentimentos muito negativos. Been there done that, já passei por isso. Hoje em dia estou-me literalmente a lixar- desculpem o termo- para esse tipo de comentários, e digo isso na maior das sinceridades. Tenho a capacidade de perceber quem são as pessoas mal intencionadas a quem a vida não ensinou nada para além da maldade e mesquinhez.
Hoje posso dizer que sou uma pessoa bem resolvida. Cuido de mim própria porque quero viver com saúde, ter energia. Quero mostar à minha filha que gostarmos de nós próprios é das coisas mais importantes para ser feliz. Digo-lhe que é linda e que mesmo que alguém lhe diga o contrário, deve sempre acrediar em si mesma e na sua força. O self-love também se ensina, e quanto mais cedo melhor. Digo-lhe que a perfeição não existe, e que cuidar de nós mesmos aceitando os defeitos com normalidade é o primeiro passo para conquistar grandes coisas na vida.
A vida é tão mais do que um corpo perfeito. Viver obcecado por uma imagem que por vezes chega a custar a saúde, não é forma de viver esta pequena passagem. Façam bem a vocês mesmos e aos outros, é esse o meu lema. Se querem perder uns quilos façam-no por vocês próprios, pelo vosso bem estar, não pela opinião de A ou B. Até porque se o fizerem por essas pessoas, quando atingrem o objectivo, o comentário será
" qualquer dia estás na mesma, isso não dura muito". Quantas vezes já ouvi isto...:)
Dar um elogio, dar força alguém num momento menos bom, focar-se nas coisas positivas traz muita paz, e aos 40, é isso que quero para mim.